Nascida em Feira de Santana, numa cidade do interior da Bahia-Brasil Graça Falcão descobriu sua vocação para a Arte desde a infância, buscava criar seus próprios desenhos, rejeitava influencia sobre o que deveria pintar ou desenhar, tinha um espírito livre para a criação. Na vida adulta após haver tido seus três filhos de sua primeira união decide buscar sua realização artistica e através de uma amiga matricula-se em um curso de técnicas em desenho e pintura em aquarela, pastel, carvão acrílica com o pintor argentino Hector Valdés tendo se identificado prontamente com a pintura a óleo. Casada e cuidando de filhos vive aquilo que Betty Friedan nominou de “mal estar” aquele que não se pode falar, mas que se sente quando não se aceita o único destino reservado à mulher “o casamento e a maternidade” . Ainda vivendo em Feira de Santana envolve-se com artistas da cidade como Vera Tosta, Célia Pires, Rosalice, Luis Gomes e Jorge Galeano, e inicia a sua trajetória no movimento de cultura local sendo premiada no “Salão Regional da Bahia”com menção honrosa por seu primeiro trabalho como expositora denominado “Homen e mulher” com o qual presenteou sua filha Priscilla Marques.
A trajetória de Graça Falcão é curiosa, considerando os desafios que uma mulher enfrenta nas artes plásticas para circular em um meio de domínio masculino, desafiando tais imposições sociais retrata em suas obras o espírito inquieto, livre e criativo de uma mulher em busca de sua própria realização, transita com serenidade nas suas produções com telas que retratam recordações de infância na sua fase ao qual denominou “Felina” e o onírico das luzes através de seu grande painéis ao qual denominou de “Mundi”.
Na década de noventa entrega-se a mais um desafio, muda-se para Portugal e lá encanta-se com os trabalhos dos artistas Moçambiquenhos Frank Ntaluma e Renata Sadimba, conhece as técnicas de trabalho com argila e a escultura em madeira, e o que parecia ser apenas um período de aprendizado temporário transforma-se em sua nova aldeia artística, nela se anima, se renova e reflete toda essa mudança em seus trabalhos como escultora cuja versatilidade, sensibilidade e energia expressa em suas cores e formas. Sua obra merece ser apreciada!
Evanilda Carvalho, Brasileira, Enfermeira, em Doutorado na Europa